Carta de Repúdio aos Ataques do Estado de Israel sobre o Povo Palestino
Tendo como exemplo e inspiração os ensinamentos e modelo de Jesus, que pregou
amar ao próximo como a si mesmo, e de Buda, que nos ensinou sobre a compaixão, a bondade e
a não-violência, destacamos nesta carta a urgência de interromper a intensificada violência
contra populações civis em territórios em guerra no geral. À luz dos princípios religiosos e
filosóficos que valorizam a vida e abordam a paz, além das propostas civis históricas em torno
da defesa dos direitos humanos, repudiamos os ataques perpetrados pelo Estado de Israel
contra a Palestina, o Líbano e o Irã em ações que se mostram em escalada há mais de um ano,
submetendo civis destas regiões a uma devastadora e desproporcional violência.
Em nome dos valores religiosos e humanistas que valorizam a vida e promovem a paz,
repudiamos todos os atos de violência contra civis. Rejeitamos, assim, também a violência
cometida pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que vitimou civis israelenses e estrangeiros,
sem jamais deixar de perceber a desproporcional resposta em ataques perpetrados pelo Estado
de Israel, que, há mais de um ano, têm infligido destruição aos civis palestinos.
A questão palestina, por sua vez, é marcada por um histórico de expropriação territorial.
Após a Segunda Guerra Mundial, a Palestina sofreu um processo de fragmentação e ocupação,
resultando em sucessivas perdas territoriais, com flagrantes e graves violações dos direitos de
seu povo, facilitadas com frequência por acordos internacionais, aprofundando a gravidade das
questões com o consentimento tácito e explícito de quem deveria mediar objetivamente a paz.
Esses conflitos têm, além de tudo, expressado disparidade de poder bélico. Todo o cenário força
os palestinos a uma situação vulnerável de pobreza e exclusão.
O Estado de Israel recorre a práticas militares que desconsideram as consequências
para as populações civis. A luta contra o Terror não deveria servir como justificativa para dizimar
famílias e comunidades civis inteiras, levando-as à plena destruição. Motivados por razões
políticas e geopolíticas, tais ataques não podem ser compreendidos como representativos do
povo judeu que carrega, acima de tudo, uma memória de sofrimento em decorrência do
Holocausto, quando milhões foram perseguidos e assassinados sob o regime nazista. A tragédia
histórica sofrida pelo povo judeu deveria ser tratada com cuidado, e servir como motivador de
reflexão para que Estado israelense tomasse um protagonismo exemplar de compaixão e paz, e
não o contrário.
Hoje, lamentamos ver os ataques se intensificarem sobre áreas residenciais, escolares
e universitárias, hospitais e espaços essenciais à sobrevivência humana, atingindo populações
civis que sofrem, na mais simples busca de comida, abrigo e segurança – em uma afronta
objetiva aos Direitos Humanos universais. O uso de armamentos letais contra esses alvos
ultrapassa qualquer justificativa de defesa, atingindo crianças, famílias e comunidades em um
verdadeiro massacre indiscriminado. Essas ações, longe de resolverem conflitos, perpetuam
um ciclo de terror e desumanização.
Por isso, repudiamos veementemente a violência em andamento e pedimos por um
retorno à sensatez e à paz. Rejeitamos categoricamente o silêncio e a condescendência diante
da dizimação de vidas e afirmamos a necessidade de um diálogo que respeite a coexistência
humana em todas as suas formas. Instamos os líderes internacionais e religiosos a intervirem
para que prevaleçam os valores éticos e humanos que fundamentam uma sociedade justa e
solidária. A paz entre os povos só pode nascer do entendimento e do respeito mútuo.
Valinhos, 04 de novembro de 2024.
Loyane Aline Pessato Ferreira
Presidente
Associação Buddha-Dharma